quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Morre parte do Bairro João Alves


Hoje não tem futebol. Também não haverá aquela rodada de amigos conversando miolo de pote, como tinha todas as tardes em dias de sol. Tudo mudou, há dias não vejo meus principais colegas. Aqueles que desde infância estivemos juntos, reunidos todos os dias para uma bela partida ou simplesmente para tirar sarro dos perna de pau.

O pior é que agora não foi a bola que furou, pois se fosse assim, faríamos uma nova vaquinha e compraríamos outra. Não foram os peladeiros que desistiram do hobby de todos os dias. Tão pouco, a falta de vontade da juventude do bairro que desde criança se reunia para a pelada, logo após a aula da tarde e antes da entrada na escola para o turno da noite.

Os menores, aqueles de 15 para baixo, também já não se encontram mais no mesmo lugar. Todos os dias era o local sagrado para a criançada correr atrás da pelota. A partir das 9 da manhã estavam os que estudam à tarde. Às 15 chegavam os que tinham ido à escola pelo turno da manhã. Mas agora, nem os pais sabem mais onde encontrá-los. Talvez estejam indo mais longe, procurando uma bola em outras esquinas e correndo riscos de encontrar um bar, ou mesmo uma boca de fumo.

Por mim e pelos outros que já são adultos, até nem tanto. Já sabemos o que queremos. Podemos até morrer por falta de atividade física, mas não deixaremos nos levar para o mundo dos vícios, para a delinqüência ou outro caminho pervertido. O problema maior é para os adolescentes, as crianças e os jovens que por falta de uma atividade de lazer ou uma prática esportiva, podem trilhar para o mundo do crime.

O problema é grave e por falta de aviso não foi. O apelo foi feito até para o prefeito, mas ninguém deu ouvido e deixaram levar nosso campo de futebol. O terreno era de uma igreja e como se trata de propriedade particular, não tivemos domínio para evitar que o lugar que serviu para nossos pais, para nós e agora para nossos filhos, fosse comercializado e transformado na sede de uma empresa.

Agora nos resta apenas chorar a derrota. Depois de tantos gols, de tantas vitórias, de talentos revelados, a exemplo do craque Jô que hoje joga fora do país e saiu por muitas vezes banhado de lama do Lamebol, deixaremos de dá o nosso espetáculo de todas as tardes e seremos apenas torcedores gritando bem alto para que um dia nossa juventude possa ter direito a um novo local para voltar a praticar esporte.