Sobreviver apenas da agricultura não é uma tarefa fácil para os produtores do Juruá onde ainda se trabalha com tecnologia primária e as barreiras para a exploração da terra têm se intensificado a cada dia com as regras impostas pelo sistema de proteção ambiental. Desta forma, muitos trabalhadores rurais estão buscando novas alternativas para se manter no campo e garantir uma vida digna para a família.
Esse é o caso do senhor Francisco Germano de Souza, que faz questão de ser identificado por Chico Cunheiro, como é conhecido na comunidade onde mora na BR 307, a 15 quilometros da cidade de Cruzeiro do Sul. O produtor deixou de cultivar apenas a mandioca e ampliou sua produção para outros sistemas de negócios e hoje consegue, junto com os filhos, se manter na zona rural desenvolvendo atividades mais prazerosas e lucrativas.
Seu Francisco ainda mantém os roçados de mandioca para a produção de farinha e como forma de contenção de gastos com as outras atividades. Mas, foi no ramo da piscicultura que ele encontrou um dos caminhos para trabalhar menos e garantir uma renda satisfatória para a família. Esta semana chegou o momento de tirar o peixe e o brilho nos olhos do produtor era visível ao perceber que de 1700 alevinos que havia depositado no açude, praticamente todos chegaram ao ponto de comercialização.
Em apenas quatro dias de pesca já foram comercializado mais de 1000 quilos de peixe a um preço de R$ 10,00 cada quilo. Seu Chico e os filhos acreditam que ainda devem colher mais de 700 quilos das espécies curimatã, tambaqui e parapitinga.
Todavia, também não é tarefa fácil desenvolver a atividade de piscicultura na região devido o alto custo da ração necessária para todas as fazes da produção. Entretanto, o produtor Francisco de Souza encontrou uma forma criativa para reduzir os custos e manter um excelente padrão de qualidade do peixe que produz.
O segredo é a mistura da ração que vem de fábrica com alimentos orgânicos. O produtor não gosta muito de revelar, mas, entre os produtos que são depositados no açude estão, a batata e a folha da mandioca, frutas, verduras e outros que ele prefere manter apenas sob seus conhecimentos e dos filhos.
“É assim que conseguimos ter um lucro de mais de 60% na produção e ao mesmo tempo deixar o peixe com um sabor que especial porque ele não fica com tanto gordura” – revela o produtor.
Os horizontes para a família Souza foram além a partir da visão de que para aproveitar o menor espaço de terra possível para a produção é preciso desenvolver as atividades que menos agridam o meio ambiente. Nesse sentido, a produção de frangos também entrou na relação de negócios viáveis.
Em um pequeno galpão hoje o produtor mantém um plantel de 100 aves que são renovadas de quatro em quatro meses. Para a criação de frangos também foi necessária a criatividade para reduzir os custos com alimentação.
“Só a ração se torna muito cara e, por isso, nós aqui fizemos esse cercado com tela onde as galinhas ficam soltas todos os dias para comer o capim e à tarde damos mandioca. Isso faz com que a gente gaste menos para deixar os frangos no ponto de comercialização” –disse o produtor.
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